Mercedes-Benz anuncia demissão de 1.500 metalúrgicos em S. Bernardo

A Mercedes-Benz do Brasil confirmou a demissão de 1.500 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo. Os desligamentos serão oficializados a partir do dia 1º de setembro. Se não houver reversão, as demissões vão causar enorme desorganização na economia do ABC, mas, especificamente em São Bernardo, município dependente dos empregos na indústria automobilística. Em […]

A Mercedes-Benz do Brasil confirmou a demissão de 1.500 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo. Os desligamentos serão oficializados a partir do dia 1º de setembro. Se não houver reversão, as demissões vão causar enorme desorganização na economia do ABC, mas, especificamente em São Bernardo, município dependente dos empregos na indústria automobilística.

Em nota emitida ontem à tarde, a montadora afirmou que tentou, sem sucesso, uma negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos, face às dificuldades enfrentadas pela queda de 45% em caminhões em 30% em chassis de ônibus. Segundo a Mercedes-Benz, a ociosidade na unidade é de 50%. Com excesso de 2.000 empregados, a empresa diz não ver possibilidade de retomada do mercado no próximo ano.

O sindicato vai reunir em assembléia os trabalhadores para discutir a decisão da Mercedes-Benz. Os metalúrgicos vinham se posicionando contra as demissões e não relutavam em aceitar redução dos salários em razão da crise econômica.

Abaixo, íntegra da nota emitida pela Mercedes-Benz.

“A Mercedes-Benz do Brasil esclarece que, antes de oficializar as demissões na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) semana passada, tem adotado desde o início de 2014 várias medidas para tentar gerenciar o excesso de pessoas frente à drástica queda nas vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro, como banco de horas, semanas curtas, férias e folgas coletivas, licenças remuneradas e várias oportunidades de desligamento voluntário – PDV, acordadas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e os funcionários;

Além dessas medidas, na tentativa de preservar os postos de trabalho dos funcionários, a empresa concedeu cerca de dois meses de licença remunerada (maio e junho 2014) e adotou mecanismos de lay-offs da seguinte forma:

  • Julho a Novembro de 2014 – despesas suportadas entre a Mercedes-Benz e o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador);
  • Dezembro de 2014 a setembro de 2015 – custos integralmente assumidos pela Empresa;
  • Durante os Lay-offs, por mais de um ano e meio e sem a contrapartida de trabalho, os empregados tiveram salários, benefícios e qualificação profissional assegurados pela Mercedes-Benz do Brasil.

O gerenciamento do excedente de pessoas desde 2014 gera à empresa custos elevados que não podem mais ser suportados devido ao agravamento da crise econômica e à queda de vendas;

Como consequência, a ociosidade na fábrica, que hoje já é de quase 50%, aumenta a cada dia, elevando o excedente de pessoal para mais de 2 mil trabalhadores;

Nos últimos meses, a Mercedes-Benz do Brasil discutiu intensamente com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e, mais uma vez na semana passada, buscou formas de solução que viabilizasse a adoção do PPE e de outras medidas para evitar demissões na fábrica;

A Companhia foi bastante transparente com o Sindicato e os funcionários, mostrando que a adoção isolada do PPE não será suficiente para continuar a administrar o contínuo excesso de pessoas na unidade;

No acumulado do ano, a queda de vendas de caminhões é de quase 45% e a de ônibus é de quase 30% em comparação ao mesmo período de 2014;

Lembrando que as expectativas de vendas para o mercado em 2016 são negativas e não existe nenhuma previsão de recuperação no próximo ano;

Diante de todos esses fatos, a Empresa tentou junto ao sindicato alternativas que pudessem minimizar os efeitos da crise e garantissem à fábrica do ABC paulista a estabilidade de emprego até agosto de 2016;

Colocamos claramente ao sindicato que, além do PPE, são necessárias outras medidas de contenção de custos de pessoal, como a reposição parcial da inflação no próximo ano, entre outras medidas para enfrentar a crise econômica e continuar a gerenciar o excesso de pessoas na fábrica;

O Sindicato, que é responsável pelo encaminhamento de todas as propostas discutidas com a empresa aos funcionários, não concordou em realizar uma nova votação, alegando que esta é similar àquela rejeitada pela maioria (74%) dos funcionários recentemente. Por essa razão, segundo a entidade, a mesma não seria apresentada novamente aos colaboradores;

A Empresa entende que é necessário refletir sobre o atual momento e ter a disposição de aceitar sacrifícios mútuos para manter postos de trabalho diante da crise econômica atual no País;

Diante da ausência de qualquer outra alternativa e considerando o atual impasse das negociações, a empresa oficializou as demissões, que acontecem a partir de 1 de setembro;

Reiteramos que a companhia já tinha destacado essa necessidade nas últimas semanas, caso não encontrasse uma solução em conjunto com o sindicato.”

 

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