Ford deixa de produzir caminhões no Brasil

Com a decisão, empresa encerrará as operações na fábrica de São Bernardo do Campo e a venda dos modelos Cargo, F-4000, F-350 e do Fiesta Com 954.831 caminhões produzidos desde 1957, a Ford Motor Company anunciou em fevereiro que deixará de atuar no segmento de caminhões na América do Sul. Isso signifi ca que, ao […]

Com a decisão, empresa encerrará as operações na fábrica de São Bernardo do Campo e a venda dos modelos Cargo, F-4000, F-350 e do Fiesta

Com 954.831 caminhões produzidos desde 1957, a Ford Motor Company anunciou em fevereiro que deixará de atuar no segmento de caminhões na América do Sul.

Isso signifi ca que, ao longo de 2019, a empresa encerrará as operações de manufatura na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e deixará de comercializar os caminhões Cargo, F-4000, F-350 e o carro de passeio Fiesta assim que terminarem os estoques.

Além da demissão de 4,5 mil empregados diretos e indiretos, o fechamento do complexo industrial de São Bernardo do Campo, provocará um grande impacto financeiro na região do ABC, considerado o principal reduto da indústria automobilística no país.

Segundo a montadora, a decisão de deixar o mercado de caminhões faz parte de ampla reestruturação de seu negócio global e foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. “A manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável”, argumenta a empresa.

A Ford calcula que a decisão causará um impacto de cerca de US$ 460 milhões em despesas não recorrentes, que serão registradas em seu balanço de 2019. O valor faz parte dos US$ 11 bilhões em despesas, com efeito no caixa de US$ 7 bilhões, que a companhia prevê utilizar para a reestruturação dos seus negócios globais.

Do total a ser gasto, cerca de US$ 360 milhões estão relacionados a compensações de funcionários, concessionários e fornecedores e os US$ 100 milhões restantes são referentes à depreciação acelerada e à amortização de ativos fixos.

Como parte da reestruturação, a Ford prevê a redução em mais de 20% dos custos com funcionários e com a estrutura administrativa em toda a região. Inclui também o fortalecimento das linhas de veículos, com ênfase em modelos utilitários esportivos (SUVs) e picapes, além do encerramento da produção do Focus na Argentina. Está nos planos ainda a expansão das parcerias globais, como a recente aliança com a Volkswagen para desenvolver picapes de médio porte.

“A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e efi ciente”, diz Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.

HISTÓRIA

A Ford iniciou suas atividades no Brasil em 1919, como importadora de veículos, e foi a primeira a se instalar no Brasil num armazém na rua Florêncio de Abreu, na cidade de São Paulo. Um ano depois, mudou-se para a praça da República, até inaugurar em 1921 as instalações especialmente projetadas para funcionar como linha de montagem de veículos, na rua Solon, no bairro do Bom Retiro. Os primeiros veículos montados pela companhia no Brasil foi o caminhão modelo TT e o automóvel modelo T.

Em 1953, a Ford transferiu suas instalações para o bairro do Ipiranga, onde fabricava caminhões e picapes. Em 1957, nesta fábrica do Ipiranga, produziu 4.756 caminhões.

Em 1967, após adquirir a Willys Overland do Brasil, iniciou as atividades em São Bernardo do Campo, na fábrica instalada no bairro do Taboão, onde produziu vários modelos, como o Jeep Willys, o utilitário Rural, os automóveis Corcel, Belina, Del Rey, Verona e Escort e as picapes Pampa e Courier.

Em 2000, a Ford decidiu unificar as operações e transferiu a fábrica de caminhões para São Bernardo do Campo, onde produziu naquele ano 15.079 veículos. Em 2011, a empresa alcançou resultado recorde, com a produção de 40.686 caminhões no Brasil.

Em 2016, no auge da crise político-econômica do país, a Ford reduziu a produção de caminhões para 9.949 unidades, e em 2017, com a recuperação do mercado brasileiro, aumentou o volume para 12.097 unidades.

Em 2018, a empresa ficou em quarto lugar no ranking do mercado de caminhões, com a venda de 9.314 veículos, volume 19,3% superior ao de 2017, quando comercializou 7.810 caminhões no país, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Em 2019, ano em que o mercado de caminhões começa a apresentar sinais firmes de recuperação, com a redução da ociosidade nas fábricas e um crescimento de 47,7% no primeiro trimestre, ao vender 21.464 unidades, a Ford anuncia que deixará de produzir veículos pesados no Brasil.

ACORDO

Com o objetivo de manter a produção local, assim como a mão de obra, o governador de São Paulo, João Dória, decidiu intermediar as negociações de venda das instalações da Ford. As informações que chegam ao mercado é de que a Caoa, que pertence ao grupo brasileiro comandado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, está negociando um acordo para comprar a fábrica de São Bernardo Campo para produzir caminhões, sob licença da companhia americana.

Seria uma operação parecida com a que o grupo mantém com a Hyundai em Anápolis (GO), onde são montados o Hyundai Tucson e ix35, além dos Tiggo 5X e Tiggo 7 e do caminhão HD 80.

Oficialmente nem a Ford e nem a Caoa confirmam a conclusão do acordo.

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