Setor de caminhões deve continuar em ritmo positivo

A venda de 79.840 veículos de janeiro a novembro, 13,9% a menos que no mesmo período de 2019, mostra que a queda de 18% projetada em outubro pode diminuir para 14% em 2020, segundo a Anfavea

Sonia Moraes

O mercado de caminhões garantiu em novembro um bom desempenho com a venda de 9.143 veículos emplacados, 15,6% a mais que em outubro e 1% superior a novembro de 2019, o que mostra que o setor foi o menos afetado pela pandemia da Covid-19, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a novembro, as vendas de caminhões atingiram 79.840 unidades, 13,9% a menos que no mesmo período de 2019. “Isso mostra que a última projeção feita pela Anfavea em outubro, que apontava queda de 18% neste ano, pode ser melhorada chegando a uma retração de 14%”, disse Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, responsável por veículos pesados. “Tudo vai depender do abastecimento de matéria-prima, mas a tendência é que o setor continue neste ritmo positivo.”

Do total de caminhões vendidos até novembro, 39.510 unidades são de modelos pesados, 16,7% a menos que no mesmo período de 2019 (47.446 unidades) e 20.433 unidades são de semipesados, 4% abaixo dos 21.281 veículos comercializados nos 11 meses do ano passado.

A quantidade de caminhões leves atingiu 8.046 unidades, 21,5% a menos que janeiro a novembro de 2019 (10.244 unidades) e a de médios somou 7.630 unidades, 17,9% abaixo dos 11 meses do ano passado (9.297 unidades).

Produção –

A produção de caminhões se manteve robusta em novembro com 11.474 unidades na tentativa de manter a demanda do mercado, segundo Saltini, que considerou este resultado como o melhor desde 2014. Os números de novembro representaram um crescimento de 5,2% sobre outubro e de 30,9% em relação a novembro de 2019, mesmo com as dificuldades para manter a produção com o protocolo de saúde e a falta de matéria-prima.

No acumulado de janeiro a novembro, a queda foi de 25,2%, com 80.451 veículos fabricados pelas montadoras, ante 107.502 unidades feitas no mesmo período de 2019. “Essa redução é reflexo da parada que as montadoras fizeram durante a pandemia”, esclareceu Saltini.

Mesmo com a melhora na produção a capacidade ociosa na fábrica de caminhões é de 60%, segundo Saltini. “Algumas empresas estão trabalhando em dois turnos para manter o distanciamento e ainda num volume de acordo com que a indústria está preparada para produzir”, disse o executivo.

Saltini lembrou que o setor de caminhões foi muito impactado na crise anterior, chegando a reduzir as vendas para 50 mil veículos. “A capacidade ociosa já foi maior e o número de novembro é alentador e robusto quando comparado com os últimos anos. Estamos num patamar melhor, mas quando comparado com 2019 vamos fechar o ano com queda de 14%. O total esperado de 95 mil veículos pesados para este ano pode atingir 100 mil unidades, sendo 87 mil caminhões e 13 mil ônibus”, disse o vice-presidente da Anfavea.

Exportação –

Nas exportações, embora o resultado de janeiro a novembro tenha ficado 7,8% abaixo do mesmo período de 2019, com 11.600 veículos vendidos no exterior, já ultrapassou as projeções feitas pela Anfavea em outubro que era de exportar 9.800 veículos neste ano.

Se em dezembro a exportação atingir 1.400 caminhões, o setor fecha o ano com 13 mil veículos comercializados no exterior, mantendo o mesmo desempenho de 2019, quando foram embarcados 13.552 caminhões.

Em CKD (veículos desmontados) as montadoras exportaram 3.491 caminhões de janeiro a novembro, 14,9% abaixo dos 4.103 veículos embarcados no mesmo período de 2019.

Ranking –

No ranking do setor, a Mercedes-Benz manteve a liderança, com 23.873 caminhões vendidos de janeiro a novembro no mercado brasileiro, 7,9% a menos que no mesmo período de 2019 (25.916 unidades), e o segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que teve 23.163 veículos vendidos no país, 5,0% a menos que em janeiro em outubro de 2019 (24.379 unidades).

A Volvo ficou em terceiro lugar com 13.221 veículos vendidos até novembro, 11,3% inferior ao mesmo período de 2019 (14.912 unidades), e a Scania em quarto com 7.391 veículos, 38,6% a menos que em janeiro e novembro de 2019 (12.040 unidades).

A Iveco, quinta colocada, vendeu 4.471 veículos, 28,5% a mais que em janeiro e novembro de 2019 (3.479 unidades) e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 3.545 caminhões, 22% a mais que nos 11 meses de 2019 (2.906 unidades).

Desafios –

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, alertou sobre os desafios que a indústria automobilística enfrentará nos próximos anos. “As montadoras terão dificuldades de repassar o forte impacto que terão nos custos devido à desvalorização cambial e o aumento nos preços dos insumos, principalmente o aço, cujas negociações com as siderúrgicas têm sido as mais difíceis”, disse Moraes.

“Esse é um desafio adicional, esperávamos um aumento, mas não nessa magnitude e isso afeta toda a cadeia do setor automotivo e dificulta a recuperação”, completa.

Outro problema a ser enfrentado pelas montadoras se refere ao alto risco de paralisação ainda em dezembro da produção por falta de insumo, devido ao descompasso entre a demanda e a oferta na cadeia de fornecedores causado pela pandemia. “Esse é um risco imediato por falta de aço, borracha, termoplástico e pneus”, disse Moraes.

“Temos observado parada por conta de contaminação no fornecedor do fornecedor. Tem fornecedor na Inglaterra que teve a segunda onde de contaminação e afetou a produção local e toda a logística de material importado”, relatou o presidente da Anfavea.

O presidente da Anfavea comentou que a equipe de logística estão trabalhando just in time e as montadoras estão tentando junto com os fornecedores viabilizar a compra de matéria-prima para que eles não tenham elevado aumento de custos. “O mês de dezembro vai ser um grande desafio para fechar o ano”, comentou.

Outra preocupação, segundo Moraes, é com o aumento do caso da Covid-19 no país. “Nem terminamos a primeira onda e já estamos enfrentando aumento de casos de contaminação e isso pode afetar a produção da indústria automobilística. A gente não pode subestimar a questão da saúde. Temos um desafio para 2021 com o risco de aumento do coronavírus.”

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