Vendas de caminhões aumentam 29,5% no primeiro trimestre

Dos 26.077 veículos comercializados no país até março, metade corresponde a modelos pesados e o aumento no período foi puxado pelo agronegócio, mineração, construção civil e comércio eletrônico

O mercado de caminhões segue em ritmo forte e, mesmo com a instabilidade provocada pela Covid-19, atinge em março a venda de 10.759 veículos, 38,3% a mais que fevereiro (7.781 unidades) e 67,1% superior a março de 2020, quando a pandemia começou a afetar o país. No acumulado de janeiro a março as vendas aumentaram 29,5% em comparação com o mesmo período de 2020, tendo 26.077 veículos emplacados no mercado brasileiro, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“O aumento nas vendas de caminhões foi puxado pelo agronegócio, mineração, construção civil e comércio eletrônico, sendo que a metade desse volume é representado pelo segmento de pesados”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, responsável por veículos pesados.

Bonini comentou que o comportamento do mercado de caminhões é diferente dos demais setores. “É um segmento bem peculiar. Por isso, é preciso avaliar um período de três meses, porque as vezes tem antecipação de vendas em um mês e postergação de lotes que são fechados com as transportadoras.”

Exportações – As exportações de 1.948 caminhões em março, embora tiveram redução de 0,5% em relação a fevereiro, acumularam de janeiro a março aumento de 91,2% sobre o primeiro trimestre de 2020, com o embarque de 5.276 veículos (2.307 modelos pesados, 1.585 semipesados, 915 leves, 346 médios e 123 semileves). Os principais destinos destes veículos foram o Chile, Argentina, Peru, Uruguai e África do Sul.

Em CKC (veículos desmontados) as montadoras exportaram 889 caminhões de janeiro a março, 11,5% a menos que no primeiro trimestre de 2020, quando os embarques totalizaram 1.005 veículos.

Em sua análise sobre as exportações de toda indústria automobilística, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, comentou que as empresas estão fazendo esforço adicional para exportar e aumentar os embarques para países importantes, como a Argentina, México, Chile e Colômbia. “Além de tentar manter o nível das exportações, estão buscando usufruir do câmbio favorável que ajuda atenuar o impacto no custo adicional da importação de peças e componentes, e tentando manter o melhor equilíbrio.”

Produção – Na produção de caminhões os números também são positivos. Apesar da interrupção das atividades a partir de 24 março, com a antecipação dos feriados decididos pelas cidades, as montadoras conseguiram fabricar 12.472 veículos no mês passado, 5,7% a mais que em fevereiro, e 33.082 veículos de janeiro a março, 33,9% acima do primeiro trimestre de 2020 (24.706 unidades). “Mesmo com todos os desafios que o país enfrenta neste momento, os números do setor são positivos”, comentou Bonini.

Do total produzido no primeiro trimestre 15.953 unidades são de caminhões pesados, 9.680 de semipesados, 5.491 de leves, 1.634 de médios e 324 de semileves.

Em 31 de março as 14 montadoras tiveram parada total e parcial da produção de 30 fábricas em seis Estados, envolvendo 65 mil funcionários. “As paradas ocorreram porque várias cidades nessas regiões decidiram antecipar os feriados por causa da pandemia e as empresas aproveitaram o momento para ajustar a produção por conta da falta de componentes e peças, além de contribuir para a diminuir a circulação das pessoas”, esclareceu Moraes.

Hoje, dia 7 de abril, cinco montadoras estão com paradas total ou parcial. Isso atinge 10 fábricas em quatro estados e cerca de 5.500 funcionários. A projeção da Anfavea é de que a produção seja normalizada na próxima semana.

O presidente da Anfavea considerou bom o resultado de toda a indústria automobilística no primeiro trimestre de 2021 que, com muito esforço e apesar das dificuldades, chegou a quase 600 mil veículos produzidos, 2% a mais que no mesmo período de 2020, ao levar em conta o cenário atual do país. Mas não descartou a preocupação com o agravamento da pandemia e a falta de insumos que poderá afetar a produção de veículos, situação que atinge as montadoras em todo o mundo. “Tivemos interrupção na cadeia de produção das fábricas no Japão e algumas empresas estão parando na Europa e nos Estados Unidos e isso está chegando no Brasil. Existe sim o risco de parada de produção por conta de falta de componentes, em especial os semicondutores”, disse Moraes.

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