Thais Oliveira, diretora de vendas de pneus de carga da Continental: “O cultivo do dente-de-leão tem potencial para se tornar uma fonte alternativa e ambientalmente amigável, ajudando a reduzir a dependência pela borracha natural tradicional”

A nova borracha de dente-de-leão deve entrar em produção em larga escala nos próximos cinco ou dez anos

Transporte Moderno – A Continental apresentou recentemente os novos pneus para automóveis feitos com materiais extraídos de garrafa pet. A empresa tem alguma novidade que está sendo aplicada nos pneus de carga?
Thais Oliveira – Sim. A Continental já tem um protótipo do modelo Conti EcoPlus HD3 produzido com a tecnologia Taraxagum resultado da extração do látex do dente-de-leão. O cultivo do dente-de-leão tem potencial para se tornar uma fonte alternativa e ambientalmente amigável, ajudando a reduzir a dependência pela borracha natural tradicional. Além disso, essa planta pode ser cultivada nas regiões Norte e Oeste da Europa, o que encurta as distâncias de transporte para as fábricas da Continental no continente e reduz a emissão de CO2. Os testes de desempenho com os pneus comerciais utilizando Taraxagum conduzidos pela companhia são extremamente promissores, demonstrando que a alternativa à borracha natural de origem tradicional é ideal para o setor de veículos comerciais e cumpre os mais rigorosos requisitos do segmento de transporte. A nova borracha de dente-de-leão deve entrar em produção em larga escala nos próximos cinco a dez anos.  

Transporte Moderno – O que a Continental está fazendo para que seus produtos estejam de acordo com as normas de emissões?   

Thais Oliveira – A Continental garante sempre a eficiência energética dos seus pneus de acordo com os requisitos legais e o ciclo de vida total do produto para reduzir o seu impacto ambiental. Otimizamos continuamente o processo de produção, assim como revisamos o emprego de matérias-primas e também de fornecedores levando sempre em conta a diminuição do impacto ambiental.  

Com o investimento contínuo na melhoria de índice de recapagem e do custo por quilômetro, oferecemos pneus que podem ser recapados mais vezes. Comparado a um pneu novo, um pneu recapado representa uma economia de 70% em extração de recursos naturais, uma redução de 24% na emissão de CO2, redução de 19% no consumo de água e de 21% na poluição do ar.   

O uso de matérias-primas sustentáveis ​​para a produção de pneus tem sido prioridade na Continental e pode ser comprovada em projetos como a extração de borracha natural do dente-de-leão russo (Taraxacum koksaghyz); a utilização de poliéster reciclado de garrafas PET ou o emprego de silicato da cinza da casca de arroz, um resíduo agrícola. 

Transporte Moderno – A empresa já tem estabelecido metas para produzir pneus 100% ecológico?
Thais Oliveira – Sim. Até 2030, todos os pneus líderes de vendas da marca alemã incorporarão 60% de materiais sustentáveis. Até 2040, toda a produção será neutra em carbono e, até 2050, toda a cadeia de suprimentos em pneus será 100% neutra em carbono, com todos os pneus empregando 100% de materiais sustentáveis.  

Transporte Moderno – Nos pneus de carga, o que mudou em relação aos modelos anteriores?  

Thais Oliveira – O nosso portfólio de pneus de carga foi otimizado em relação à resistência ao picotamento, durabilidade e robustez. As nossas carcaças também têm sido atualizadas com novas tecnologias de cintas, mais eficientes energeticamente e capazes de proporcionar a robustez necessário para as respectivas aplicações.  Adicionalmente, estamos constantemente trabalhando na otimização do custo por quilômetro e do índice de recapagem.  


Transporte Moderno – Qual a tendência para o mercado de pneus? Que tipo de produto as empresas buscam hoje?

Thais Oliveira – Como o pneu está entre os três principais custos de uma frota, as empresas estão buscando soluções completas que possam colaborar para minimizar o seu CPK (custo por quilômetro), aumentar a vida útil, o índice de recapagem dos pneus e também a disponibilidade dos veículos.  

Estamos investindo não somente no fornecimento do pneu, mas também em outros itens que compõem esse custo como, por exemplo, bandas de rodagem para serviços de recapagem e soluções inteligentes para uma melhor gestão e manutenção dos pneus. E, para acelerar o desenvolvimento dessas soluções, estamos contando com a parceria da nossa base de clientes que confia e acolhe nosso produto.

Transporte Moderno – Em que a Continental tem concentrado seus investimentos para conseguir a maior qualidade nos seus pneus?  

Thais Oliveira – Estamos focados em entregar o menor custo operacional de pneus (CPK) para a frota, em ampliar a quilometragem em primeira vida e a recapabilidade. Por isso, estamos investindo não somente no fornecimento do pneu, mas também em outros itens que compõem esse custo como, por exemplo, bandas de rodagem para serviços de recapagem e soluções inteligentes para uma melhor gestão e manutenção dos pneus. Além, claro, do descarte correto do produto ao final de sua vida útil.

Transporte Moderno – A Continental também tem feito investimentos no pós-venda? 

Thais Oliveira – Sim. A Continental efetua um completo diagnóstico da utilização dos pneus de carga da marca nas frotas clientes com seus Veículos de Assistência Técnica (VAT), furgões da equipe técnica da empresa. Equipados com aparelhos de última geração, os VAT realizam serviços importantes como aferição de geometria de suspensão, balanceamento de pneus e rodas, medição e correção da pressão dos pneus de caminhões e ônibus, além de avaliar sobre a conveniência da ressulcagem ou da reforma do pneumático.
A partir dos dados coletados em campo pelos VAT, é possível ao departamento de vendas da Continental orientar o cliente de modo ainda mais preciso na aquisição do modelo de pneu mais adequado para permitir o aumento da lucratividade das operações de transporte. Internamente, o departamento de pesquisa da Continental utiliza as informações captadas para aprimorar o processo de desenvolvimento de produtos, procurando torná-los cada vez mais competitivos na busca constante pelo menor custo quilométrico.  

Veja também

Por