Ferrovia

Redação

O ministro dos Transportes, Renan filho, confirmou a jornalistas em evento nesta semana que o Plano Nacional de Ferrovias do Governo Federal somará mais de R$ 20 bilhões. O ministro informou ainda que os recursos serão captados de repactuações contratuais de renovações antecipadas de concessões. Segundo reportagem do Valor Econômico, as renegociações serão feitas com a Vale, Rumo e MRS.

O primeiro acordo deverá ser fechado com a Vale. Inclusive, de acordo com o ministro, há até proposta formal. Também está para ser fechado um acordo de renovação antecipada da Ferrovia Centro Atlântica da VLI.

A maior parte dos recursos deve vir de repactuação de contratos com a Vale. O ministério cobra a empresa por valor abatido nas renovações antecipadas de ferrovias em Carajás (R$ 21,1 bilhões) e em Vitórias-Minas (R$ 4,6 bilhões).

O ministro dos Transportes não revelou detalhes sobre os projetos que serão realizados com o dinheiro, contudo adiantou que o Governo mira na conclusão da Ferrogrão, que ligará o Mato Grosso ao Pará. Outro interesse é a Ferrovia de Integração Centro-Oeste e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Ambas apresentam potencial para transportar produtos da indústria de agronegócio para regiões litorâneas.

Avanço das ferrovias

Um estudo da Fundação Dom Cabral, o qual o portal Transporte Moderno teve acesso, mostrou que, de maneira inédita, o modal ferroviário do país responde por cerca de 27% no volume de carregamento de cargas (em Toneladas Úteis). Considerando apenas o transporte de longa distância, a pesquisa focou nas variáveis Volume de Cargas (TU) e Produção de Transporte (TKU).

Segundo os responsáveis pelo levantamento, pela primeira vez, a malha ferroviária responde por mais de ¼ deste transporte. Os modais considerados na pesquisa representam a grande logística brasileira: ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e navegação de cabotagem.

O professor e coordenador do núcleo de infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, diz que houve um aumento no modal ferroviário, sobretudo no transporte de granel agrícola. Contudo, Resende alerta para o fato de que, apesar de existir carga disponível para os trilhos, é preciso uma malha ferroviária que suporte essa demanda. “Caso contrário, o aumento poderá, inclusive, retroceder até 2035”, conclui.

MRS tem lucro recorde de R$ 1,2 bilhão em 2023

Redação

A MRS Logística, que administra a malha regional Sudeste e detém a concessão de 1.643 km nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, alcançou lucro líquido e R$ 1,2 bilhão em 2023, o melhor resultado da história da companhia, com crescimento de 37,3% sobre 2022.

A receita bruta de R$ 6,9 bilhões também foi recorde no ano passado, o que representa um aumento de 14% na comparação com 2022. O desempenho favorável, segundo a empresa, reflete o crescimento do volume transportado, com a manutenção das margens.

Foram transportados 197,5 milhões de toneladas de carga no ano passado, o equivalente a 3,4 milhões de carretas bitrem, mas transportadas pela ferrovia, um modal mais seguro e sustentável, considerando a redução das emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera. Esse volume representa um crescimento de 10,8% na comparação com 2022.

A empresa atribui o novo recorde ao crescimento de 14,6% no transporte de produtos de mineração e de 5,1% no de carga geral. “O segmento de transporte de carga geral tem apresentado crescimento constante ao longo dos últimos anos e, mais uma vez, atinge um novo recorde de volume, encerrando 2023 com 75,4 milhões de toneladas”, destaca a MRS em seu comunicado.

A companhia ultrapassou R$ 3,4 bilhões em Ebitda, aumento de 20,5% em relação ao ano anterior, o melhor Ebitda da história da MRS. “Mesmo com robusto volume de investimentos, a alavancagem segue sob controle. A relação dívida líquida/Ebitda permaneceu em 1,0x, patamar confortável em função da boa performance operacional estratégia na gestão do endividamento.”

Aline Feltrin Divulgação| MRS

Segundo Guilherme Segalla de Mello, presidente da MRS, 2023 foi um ano de decisões importantes, que vão refletir nos avanços da companhia. “Além de honrar os compromissos que assumimos junto à União, quando da renovação da nossa concessão, temos buscado investimentos contínuos em tecnologia e soluções sustentáveis e temos conseguido alcançar novos patamares em eficiência operacional e inovação. Alcançamos missões importantes, como aprimorar o atendimento de excelência aos nossos clientes, expandir a nossa presença em novos segmentos da economia no transporte de carga, avançar no desenvolvimento e integração das agendas ESG à estratégia da empresa. Vamos continuar avançando nestes e em outros projetos de expansão, buscando aumentar a participação do modal ferroviário na Região Sudeste”, revela o presidente.

Investimentos de R$ 1,8 bilhão

Ao longo de 2023, a MRS investiu R$ 1,8 bilhão com destaque nas iniciativas para garantir sustentabilidade do negócio e o cumprimento das obrigações regulatórias. Com relação aos aspectos regulatórios, a MRS entregou os investimentos previstos nos primeiros 12 meses (A+1) da renovação da concessão, além dos importantes avanços para concluir com sucesso também o pacote de A+2, que deve ser entregue até julho de 2024.

Neste pacote, destacam-se as entregas para ampliação da capacidade da Baixada Santista, envolvendo novos pátios, recapacitação e sinalização de trechos da malha e sistemas de planejamento integrado. Os investimentos em melhoria de mobilidade urbana nas diferentes cidades ao longo da malha da MRS também merecem destaque.

Com o objetivo de dar continuidade à modernização da frota ferroviária e continuar avançando na eficiência operacional, foram assinados aditivos contratuais para aquisição de locomotivas e vagões. A MRS comprou 560 novos vagões e 30 novas locomotivas. Parte da entrega dos ativos começou neste primeiro trimestre de 2024 e, até o final de 2025, todos os novos ativos já estarão em operação.

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Com 14,5 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil) movimentadas ao longo de 2023, a VLI quebrou seu recorde histórico de transporte ferroviário no corredor Norte. O resultado mais alto até então havia sido registrado em 2022, com 14,1 bilhões de TKU. Além do recorde sobre trilhos, a VLI também computou a maior movimentação histórica na operação do Terminal Portuário de São Luís, com 5,6 milhões de toneladas, contra 5,4 milhões registradas no ano anterior – até então, o melhor resultado.

“Os recordes são resultados do nosso foco no atendimento à demanda de nossos clientes, planejamento e estabilidade operacional, além de investimentos recentes, que nos permitiram ampliar a capacidade de transporte. O resultado é gratificante para todo o nosso time, pois reflete o nosso compromisso de entregar o nível de serviço que nossos clientes desejam”, afirma Alessandro Gama, diretor-executivo de operações da VLI.

O corredor Norte atende clientes dos segmentos do agronegócio, mineração, celulose e combustíveis. Ele cobre importantes áreas produtoras do Brasil, em especial o Matopiba e os estados de Mato Grosso, Pará e Goiás. Sua estrutura inclui o tramo norte da Ferrovia Norte-Sul, controlado pela VLI, e a estrada de ferro Carajás, por onde a VLI opera por direito de passagem para acessar o sistema portuário de São Luís. Também compõem o corredor três terminais integradores estrategicamente posicionados nas cidades de Palmeirante e Porto Nacional, no Tocantins, e Porto Franco, no Maranhão. Os terminais realizam o transbordo das cargas dos caminhões para as ferrovias, além de oferecer capacidade de armazenagem aos produtores.

Investimentos e novos negócios

Em 2023, a VLI iniciou a operação de transporte de fertilizantes no corredor Norte, em uma parceria com a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi). O projeto é resultado de investimentos conjuntos que somaram de mais de R$ 400 milhões e nasce com capacidade para movimentar 1,5 milhão de toneladas por ano.

A inauguração do corredor é o primeiro passo para uma grande transformação regional, possibilitando a criação de um grande polo industrial no Terminal Integrador de Palmeirante e áreas adjacentes, com possibilidade de arrendamento de terreno para players de fertilizantes, tradings de agronegócio e outros setores. A principal vantagem é o ganho em eficiência, pela proximidade com a operação ferroviária e capacidade de armazenagem oferecida. No último ano, Mosaic e Ultracargo anunciaram investimentos para instalação no local.

Também no último ano, a VLI investiu em material rodante para aumentar sua capacidade de transporte de carga no corredor. No segundo semestre, a companhia anunciou o pedido de compra de 168 vagões Hopper HTT e três locomotivas, em um negócio que movimentou um total aproximado de R$ 200 milhões.

A MRS Logística e a Wabtec Corporation oficializaram um acordo para aquisição de 30 novas locomotivas da série Evolution. O negócio está avaliado em cerca de R$ 500 milhões, com as primeiras entregas já previstas para 2024.

Lançadas em 2022, as locomotivas do modelo ES44ACi são equipadas com motores Evolution Series Diesel, que produzem 4.500 cavalos de potência com apenas 12 cilindros. O motor eletrônico a combustão interna de quatro tempos com turboalimentação proporciona maior eficiência energética e menores emissões, graças a um projeto focado na eficiência térmica da combustão combinada com um sistema de resfriamento de ar de dupla admissão.

De acordo com Guilherme Segalla de Mello, presidente da MRS Logística, a renovação da frota é crucial para que a empresa tenha ainda mais eficiência e segurança no transporte de cargas.

“Ao utilizar uma frota moderna de locomotivas, promovemos uma melhor eficiência energética no transporte ferroviário e contribuímos para aprimorar a logística do nosso país. A ferrovia já é um modal mais sustentável, mesmo assim empenhamos todos os nossos esforços para que tenhamos a menor emissão de gases possível nas nossas operações, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável. A parceria está alinhada aos compromissos regulatórios assumidos pela MRS junto ao Governo Federal, em uma soma de esforços entre os setores público e privado, que gera mais eficiência para o modal e, ao mesmo tempo, fomenta a indústria ferroviária, afirma.

A tecnologia avançada da ES44ACi está alinhada com o impulso global em direção a práticas mais sustentáveis. A locomotiva proporciona uma redução de emissões de cerca de 5% em comparação com sua antecessora, a AC4400. Os materiais de alta resistência utilizados na produção também aumentam significativamente os intervalos de manutenção em cerca de 28%, reduzindo os custos operacionais ao longo do ciclo de vida da locomotiva.

“Estas locomotivas ES44ACi de ponta oferecem alto desempenho e maior confiança, além de ter reduzidas as emissões de CO²”, diz Danilo Miyasato, presidente e líder regional da Wabtec América Latina. “Este contrato de longo prazo evidência nossa visão de uma rede ferroviária mais ecológica para o Brasil”, destaca.

A VLI atingiu o recorde de transporte de bauxita para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em 2023. Ao todo, a VLI movimentou um milhão de toneladas no período para a CBA, superando o recorde anterior, registrado em 2022, quando foram transportadas 971 mil toneladas do insumo, utilizado na fabricação de alumínio. O fluxo parte de Brasília (DF), em direção à cidade de Alumínio (SP), por meio do corredor Sudeste da Ferrovia Centro-Atlântica. 

De acordo com Márcio Marques, gerente comercial de indústrias e minerais, o resultado acompanha o bom desempenho da demanda de alumínio no mercado brasileiro, com aquecimento de setores a exemplo de bens de consumo, construção civil e automotivo. Além disso, ele destaca os investimentos em planejamento e manutenção constante na manutenção da via permanente e de vagões e locomotivas, permitindo a estabilidade da operação e a obtenção de resultados crescentes. 

“A eficiência e a previsibilidade do timing de transporte da carga são atributos importantes do modal ferroviário, gerando valor e ganhos operacionais para os nossos clientes, o que é sempre o foco da VLI. Soma-se a isso um ganho de sustentabilidade, uma vez que o modal rodoviário é até nove vezes mais intensivo na emissão de poluentes”, afirma. Para realizar o transporte do volume movimentado em 2023 pela VLI neste fluxo, seriam necessárias cerca de 40 mil viagens de caminhão. 

“Entendo que este resultado seja fruto dos esforços que a VLI vem realizando para atendimento da CBA. Penso que este recorde, aliado à estabilidade de atendimento, reforça nossa confiança na parceria com a VLI”, afirma Vagner Lima, gerente de Logística da CBA.  

A VLI fechou um novo acordo com a Gerdau, que envolve o transporte ferroviário de carvão e aço entre portos do Espírito Santo e a unidade da empresa localizada em Minas Gerais, por meio da Estrada de Ferro Vitória a Minas, na qual a VLI opera por direito de passagem. 

O carvão é aplicado nas coquerias, em que é produzido o coque para a produção de ferro gusa no alto-forno, transformado em aço posteriormente. O produto chega ao Brasil por meio do terminal de Praia Mole, operado pela VLI, em Vitória. A movimentação do carvão é feita 100% via modal ferroviário, numa operação porta a porta, que permite que o cliente receba o produto dentro da usina.

“A renovação de parceria com um cliente como a Gerdau, uma das maiores e mais importantes empresas do país, reforça a qualidade dos serviços executados pela VLI e os resultados obtidos com a logística multimodal, onde utilizamos o melhor de cada modal no transporte das cargas dos nossos parceiros. O cliente está sempre no centro das nossas tomadas de decisão, em que privilegiamos a qualidade, segurança e eficiência nos serviços”, reforça o gerente comercial da companhia, Igor Lima. 

Além desta operação, a VLI também atende a Gerdau por meio da Ferrovia Centro-Atlântica, em um fluxo ferroviário que liga a cidade de Divinópolis, no centro-oeste mineiro, ao sistema portuário do Espírito Santo.

O BNDES subscreveu R$ 750 milhões em debêntures de infraestrutura em oferta pública de R$ 1,5 bilhão realizada pela Rumo S.A. Os recursos destinam-se a investimentos previstos na Malha Paulista, parte do maior corredor de exportação do agronegócio brasileiro, que liga os principais produtores de soja, milho e açúcar do Centro-Oeste ao porto de Santos.

A emissão recebeu o selo de debênture sustentável, atribuído a projetos que geram impactos sociais e ambientais positivos. Classificada como Sustainability Linked Bond, ela prevê um aumento de taxa caso a emissora não cumpra o compromisso de reduzir em 17,6% as toneladas de emissões diretas de gases do efeito estufa (GEE) por quilômetro útil até 2026, e em 21,6% até 2030, tomando como referência as emissões de GEE em 2020.

Os recursos serão investidos na melhoria da segurança da ferrovia e no aumento da produtividade do transporte de cargas, por meio da construção, reforma ou ampliação de pátios, linhas férreas, passarelas e passagens de nível.

“Os investimentos na Malha Paulista beneficiam não só os trechos existentes no Estado de São Paulo, mas também os trechos que alimentam o corredor de exportação e vêm de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, reforçando a competividade do agronegócio brasileiro. Além da ampliação de capacidade e do ganho de eficiência operacional, haverá melhoria na segurança para a população do entorno e avanço na descarbonização do transporte de cargas”, disse Felipe Borim, superintendente da área de infraestrutura do BNDES.

A operação reflete ainda o esforço do banco em diversificar as soluções de financiamento para empresas brasileiras, atuando em conjunto com outros financiadores e em parceria com o mercado de capitais por meio da emissão de títulos de longo prazo.

“Na atuação como estruturador de emissões de debêntures, o BNDES adiciona sua experiência em análise de projetos de infraestrutura, contribuindo para a atração de capital privado para investimentos de longo prazo no setor a taxas competitivas” avaliou Nelson Barbosa, diretor de planejamento e estruturação de projetos do banco. “O BNDES vê o mercado de capitais como parceiro e pretende estruturar mais operações de debêntures no futuro, em especial no setor de infraestrutura”, completou.

O governo federal, ministério dos transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) inauguram hoje (16/06) a Ferrovia Norte-Sul (FNS), ligação ferroviária entre São Paulo e Maranhão, que vai impulsionar o desenvolvimento de cinco estados e quatro regiões do Brasil. O empreendimento tem 2.257 quilômetros de trilhos e permite o escoamento da safra do Centro-Oeste e do Sudeste pelo Arco Norte.

A ligação total da FNS ocorre com a inauguração do Tramo Central, no terminal rodoferroviário da concessionária Rumo, localizado no município de Rio Verde (GO). Agora, a ligação férrea entre Estrela D’Oeste (SP) e Açailândia (MA) fica totalmente operacional.

Histórico – 

A estrada de ferro foi projetada para se tornar a espinha dorsal do transporte ferroviário do Brasil, integrando de maneira estratégica o território nacional e contribuindo para a redução do custo logístico do transporte de cargas no país. A FNS está dividida em três tramos: o primeiro (Tramo Norte) entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO) com 720 quilômetros de extensão se encontra em operação comercial pela subconcessionária “Ferrovia Norte Sul S.A” desde 2007.

O segundo é o tramo compreendido entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) (Tramo Central), com 855 quilômetros de extensão, e que se encontra em operação com movimentação de carga pela Valec desde 2015. A estatal já promoveu o transporte de farelo de soja, madeira triturada, minério de manganês, barras de trilhos, locomotivas e vagões.

O terceiro é o tramo compreendido entre os municípios de Ouro Verde de Goiás (GO) e Estrela d´Oeste (SP) (Tramo Sul), com 682 km de extensão. As obras estão em fase final. Será o maior polo de carga de toda a Ferrovia Norte-Sul, situado próximo aos municípios de Rio Verde, Santa Helena, Jataí, Edéia e Quirinópolis.

Em 28/3/2019, a ANTT realizou o leilão para subconcessão do Tramo Central da Ferrovia Norte-Sul, por 30 anos, situado entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste, nos trechos entre: Porto Nacional (TO) e Anápolis (GO); e Ouro Verde de Goiás e Estrela d’Oeste. Esse trecho é o que faltava para conectar e finalizar a ferrovia de ponta a ponta.

A VLI dará início a obras de melhorias ferroviárias na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, para elevar a eficiência do trecho que dá acesso ao porto de Barra do Riacho, onde há movimentação de cargas como celulose, toretes de madeira e produtos siderúrgicos. Ao todo, serão investidos cerca de R$ 37 milhões na ampliação do pátio de manobras e na edificação de uma estrutura para reparos leves em vagões, além de contrapartidas sociais acordadas com a comunidade local. A previsão é de que as obras sejam finalizadas ao longo do segundo semestre.

“Esta é mais uma solução que visa gerar valor para o negócio dos nossos clientes, como é o caso da LD Celulose, cuja operação foi iniciada em 2022 trazendo, por ferrovia, celulose solúvel diretamente da fábrica da LD, no Triângulo Mineiro. A ampliação do pátio permite a circulação de trens em sentidos opostos, com segurança e sem necessidade de parada, resultando em ganhos de eficiência para a operação”, afirma Diego Zanella, diretor de operações do corredor Centro-Leste da VLI.

A estrutura de reparos leves de vagões também representará um incremento de eficiência, uma vez que permitirá consertos de menor complexidade – como troca de peças e de rodeiros – sem a necessidade de movimentação do material rodante até a oficina da VLI instalada em Cariacica, também no Espírito Santo.

Além das obras de melhorias ferroviárias, a VLI e a Vale entregarão uma série de contrapartidas à comunidade local. Entre elas estão a realocação de uma passagem em nível na região, com obras de pavimentação e iluminação; a vedação da área operacional, o que representará um reforço de segurança tanto para os moradores quanto para a operação; a instalação de equipamentos de recreação e atividade física em Barra do Riacho; e o asfaltamento da rua de acesso ao pátio, entre outros pontos.

Para realizar o transporte de carga para a LD Celulose em direção ao sistema portuário do Espírito Santo, a VLI investiu cerca de R$ 400 milhões na aquisição de 215 vagões exclusivos para a LD e nove locomotivas para aumentar a capacidade de transporte de carga no Corredor Centro-Leste – o que também representa um forte estímulo à indústria ferroviária nacional.

Além deste fluxo, a VLI estuda novos investimentos e oportunidades para aumentar os volumes transportados aos portos do Espírito Santo. Exemplo disso é o anúncio realizado neste ano de um memorando de entendimento com a Vports (antiga Codesa) para obras de expansão do novo porto de Vitória. O documento assume que os estudos a serem realizados em conjunto podem concluir pela existência de uma oportunidade para investimentos em ferrovia, porto e terminais que atinjam até R$ 200 milhões.

Atualmente, a VLI movimenta cerca de 25 milhões de toneladas anuais nos portos e ferrovias do Espírito Santo, com cargas que trafegam pela Ferrovia Centro-Atlântica, em Minas Gerais, e pela estrada de ferro Vitória a Minas.

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou a celebração de contrato de adesão, por meio de autorização, para a construção e exploração de estrada de ferro localizada entre São Paulo e Rio de Janeiro, pelo prazo de 99 anos. Trata-se de um requerimento particular da empresa TAV Brasil Empresa Brasileira de Trens de Alta Velocidade SPE.

A decisão é a 39ª autorização ferroviária outorgada desde a criação deste modelo de operação, cujo objetivo é viabilizar investimentos do setor privado na construção de ferrovias, sem a necessidade de leilão e pagamentos de outorga (contrapartida financeira do governo federal).

“As autorizações são um instrumento estratégico que fomenta a competitividade, o equilíbrio da matriz de transportes e a multimodalidade, como no caso do transporte de cargas e de passageiros. O objetivo é promover o desenvolvimento da malha ferroviária brasileira de forma mais célere e desburocratizada e conectar de forma mais ampla a malha férrea aos grandes portos brasileiros “, afirmou o diretor geral da ANTT, Rafael Vitale. 

Após assinatura do contrato de adesão pela ANTT, as empresas devem assinar o documento no prazo de 30 dias, sob pena de perda de eficácia da deliberação e consequente arquivamento do processo. Além disso, existem outros marcos que precisam ser respeitados nos próximos anos pelas mesmas, como apresentação de licença ambiental prévia, de licença de instalação e licença de operação; cada um com seus devidos prazos.

A partir das autorizações, cabe a cada empresa conduzir as tratativas para tirar o projeto do papel, assumindo todos os riscos do negócio. Assim, serão da iniciativa privada – e não do Estado – as obrigações de obtenção dos licenciamentos junto aos órgãos competentes; o desenvolvimento dos projetos de engenharia e de viabilidade socioambiental; a busca de financiamento e a definição das etapas da obra. Enquanto isso, a ANTT faz o acompanhamento dos projetos em todas as autorizações.

Até o momento, das 39 autorizações deliberadas pela diretoria da Agência, 33 tiveram seus contratos de adesão assinados e seis em vias de assinatura entre o governo federal e entes privados para a implantação de novas estradas de ferro pelo regime de autorização, incluindo o mais recente, da TAV Brasil. A projeção de recursos privados desses empreendimentos já autorizados ultrapassa R$ 170 bilhões, com previsão de 12 mil quilômetros de novos trilhos, cruzando 19 unidades da Federação.

Com o avanço dos projetos que já foram autorizados e assinados por todas as partes,  pedidos de desapropriação por meio de declaração de utilidade pública (DUP) já estão sendo recebidos e analisados pela ANTT. Isso demonstra que as autorizatárias estão dando início as etapas necessárias para efetiva implantação dos seus projetos.

Histórico

O início das autorizações ferroviárias se deu com a Medida Provisória nº 1.065/2021. Durante sua vigência, foram recebidos 80 requerimentos, dos quais foram assinados 27 contratos de autorização, totalizando 9.923 possíveis novos quilômetros de ferrovias, com um investimento aproximado de R$ 133 bilhões.

Em dezembro do mesmo ano, foi publicada a Lei º 14.273/2021 que, em seguida, foi regulamentada pela Resolução ANTT nº 5.987/2022. Em aproximadamente um mês de vigência da resolução, foram requeridas 15 novas autorizações e complementada a documentação em mais de 20 requerimentos realizados durante a MP nº 1.065/2021.

Segundo a ANTT, o modelo passou a fomentar a competitividade, a diminuição do custo de frete e a geração de empregos e soluções sustentáveis. Com isso, o maior desafio agora é a promoção de políticas públicas que visem facilitar acesso a crédito pelas empresas que pretendem investir no setor, ampliando a viabilidade financeira e a aplicação de recursos na construção das malhas ferroviárias.