Karin Schöner, diretora administrativa da Costa Leste da América do Sul da Maersk: “A cadeia logística está sob forte estresse, impactada pela grande demanda, altos custos, gargalos diversos e desafios de mão de obra. Tudo isso, inevitavelmente, reflete no valor do frete”

“Em 1º de junho, Xangai reabriu com livre circulação de pessoas, retomada do transporte público, reabertura de shopping centers e reinício de fábricas. A coleta vazia de exportação e a entrada de carga no porto se normalizou para 85% dos volumes semanais normais, e a coleta em carga de importação quase voltou ao nível normal”, comenta a executiva

Transporte Moderno – Como tem sido 2022 para a companhia?

Karin Schöner – Este ano, a Maersk manteve seu forte momento em trazer soluções integradas de logística para os clientes. A Maersk continuou investindo em seu portfólio e capacidades de logística; no segundo trimestre foram concluídas as aquisições da especialista em logística, Pilot Freight Services, e da especialista global em frete aéreo, Senator International. A companhia fortaleceu ainda mais sua oferta de frete aéreo com o lançamento da Maersk Air Cargo.

A mudança nos hábitos de consumo no início da pandemia causou uma alta demanda na cadeia logística global, o que levou a gargalos operacionais por todo o mundo e foi um dos fatores que contribuiu para o aumento do valor do frete. Na Alemanha, o porto de Hamburgo enfrenta greve, Rotterdam e os portos da costa oeste dos Estados Unidos seguem enfrentando longas filas e gargalos logísticos em terra. Esse cenário só deve ser resolvido ao longo do segundo semestre de 2022. Ou seja, a cadeia logística está sob forte estresse, impactada pela grande demanda, altos custos, gargalos diversos e desafios de mão de obra.

Continuamos esperando a normalização do mercado no segundo semestre de 2022, mas a inflação e os altos preços da energia podem impactar os volumes do mercado e inclusive as nossas operações, portanto, ainda é incerto quando a situação irá se normalizar. No entanto, a normalização não significa voltar a níveis de frete pré-Covid, pois as estruturas de custos subjacentes, incluindo o custo dos bunkers e as taxas de afretamento de navio por tempo, aumentaram significativamente nos últimos dois anos. 

Transporte Moderno – Quais as principais rotas e cargas para a empresa?

Karin Schöner – Os principais destinos são realizados pelo grupo Maersk no Brasil conectando o país com a China, América Latina, Estados Unidos e Europa. Mas a empresa atua em mais de 130 países podendo então enviar carga para qualquer lugar no mundo.

Transporte Moderno – As cadeias de suprimento ainda sofrem com os efeitos da guerra na Europa?

Karin Schöner – A Maersk encerrou suas operações no país em abril deste ano, e cargas com destino e origem russa ainda sofrem diversas sanções. Ou seja, a cadeia logística segue sob forte estresse, impactada pela grande demanda, altos custos, gargalos diversos e desafios de mão de obra. Tudo isso, inevitavelmente, reflete no reflete no valor do frete. Vale ressaltar que a inflação e os altos preços da energia também podem impactar os volumes do mercado e inclusive as nossas operações, portanto, ainda é incerto quando a situação irá se normalizar.

Transporte Moderno – A situação na China, no porto de Xangai, já se normalizou?

Karin Schöner – Após dois meses de bloqueio do Covid-19, em 1º de junho, Xangai reabriu com livre circulação de pessoas, retomada do transporte público, reabertura de shopping centers e reinício de fábricas. A coleta vazia de exportação e a entrada de carga no porto se normalizou para 85% dos volumes semanais normais, e a coleta em carga de importação quase voltou ao nível normal. No transporte terrestre, a capacidade de nossos serviços de transporte rodoviário de/para Xangai foi melhorada para mais de 80%. Sujeito a desenvolvimentos locais, incluindo mudanças dinâmicas nas restrições de tráfego local, espera-se uma melhoria gradual contínua. Para frete aéreo, as operações de gateway permanecem normais com os voos aéreos retomando gradualmente. No entanto, a visibilidade permanece limitada devido a fatores como atrasos contínuos nos portos norte-americanos e demanda potencialmente menor da Europa.

Transporte Moderno – O que a empresa tem feito para superar os problemas que têm impactado as cadeias de suprimento globais?

Karin Schöner – A Maersk tem feito algumas mudanças para superar os gargalos e suprir as necessidades de nossos clientes. Liberamos as capacidades ociosas, ou seja, adiamos o sucateamento dos navios antigos já que o mercado de afretamento não têm mais navios disponíveis e colocamos todos os navios em água; utilizamos de outros meios de transporte como barcaças, trens e feeders e reposicionam os nossos navios entre os trades, para que fossem utilizados de forma mais efetiva e aceleramos o reposicionamento de contêineres vazios. Além disso, expandimos nossos serviços em terra e em outros modais como LCL, aéreo, customs e fortemente em armazenagem e distribuição, cuidando da cadeia completa dos nossos clientes. A Maersk também se manteve ativamente no apoio ao cliente, estabelecendo e priorizando relações de longo prazo, oferecendo soluções de ponta a ponta, trazendo controle operacional, transparência e resiliência. Resultando em redução de custos.

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