José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (Sindicamp): “Acredito que 2023 será um ano desafiador, porém vemos que as empresas estão mais preparadas para as divergências, como foi a crise da covid-19, quando tivemos que nos adaptar e repensar operações e o negócio”

Presidente do Sindicamp diz que o setor espera manter o bom desempenho nos próximos meses devido às projeções econômicas favoráveis, mas que muitos desafios permanecem

Transporte Moderno – Qual sua expectativa para o transporte rodoviário de cargas em relação ao ano que se inicia?

José Alberto Panzan – Nosso segmento reflete diretamente o desempenho da economia. Se a produção e o consumo aumentarem, crescemos, e o mesmo vale para os sindicatos, que são a base das entidades de classe: quanto maior a participação dos associados, mais vigor eles têm. Acredito que 2023 será um ano desafiador, porém vemos que as empresas estão mais preparadas para as divergências, como foi a crise da covid-19, quando tivemos que nos adaptar e repensar operações e o negócio. No entanto, sempre haverá demanda para o transporte no modal rodoviário.

Transporte Moderno – E em 2022, como o setor se comportou?

José Alberto Panzan – A economia cresceu e o transporte acompanhou esse movimento. Tivemos problemas no primeiro semestre com os preços dos combustíveis, que foram reajustados repetidamente, mas ao longo do segundo semestre houve uma estabilização. A prorrogação da desoneração da folha de pagamento também ajudou bastante.

Transporte Moderno – Quais os maiores desafios para o setor?

José Alberto Panzan – Não tenho dúvida que a economia continuará a crescer, mas alguns fatores ainda preocupam, como os reajustes dos combustíveis. No caso do aumento de preços dos veículos com o Euro 6, teremos que repassar esse valor para os clientes em algum momento. Uma nova prorrogação da desoneração da folha de pagamento até dezembro de 2023 seria importante para o setor.

Transporte Moderno – Em relação ao Sindicamp, quais os planos para 2023?

José Alberto Panzan – No trabalho sindical, teremos vários desafios para os próximos meses, além da desoneração da folha de pagamento, como conseguir aprovar o fim da dispensa do Direito de Regresso, manter a política atual de reajuste de combustível e continuar fomentando as empresas com informações e com inovações do setor.

Transporte Moderno – E para a Anacirema Transportes, como tem sido o mercado?

José Alberto Panzan – O ano de 2022 foi de muito trabalho. Melhoramos nossa eficiência e nossos resultados nas operações da Anacirema em comparação com 2021. O cenário econômico também ajudou, mesmo sendo um ano eleitoral, com a polaridade política, mas para o ano que se inicia esperamos continuar nosso processo de crescimento e de melhoria contínua. A transportadora investiu na manutenção preventiva e na digitalização dos processos para aprimorar as operações. O caminhão bem regulado emite menos poluentes. Também estamos reduzindo a utilização de papéis, digitalizando os processos. Alguns clientes ainda resistem, mas gradualmente vamos convencendo as empresas da importância desse tipo de iniciativa.

Transporte Moderno – Qual a importância da sustentabilidade para a empresa?

José Alberto Panzan – Os transportadores e embarcadores são cada vez mais cobrados por esse tipo de iniciativa. Algumas empresas fazem marketing com esse tema, mesmo quando na realidade têm poucas ações concretas. De que adianta comprar um veículo elétrico, se o restante da frota não está bem regulado e dentro dos níveis de emissões? É importante ter coerência nessa área. Na Anacirema estaremos focados nos pilares do ESG, não por modismo, mas por acreditarmos que esse é o caminho para conseguir bons resultados neste segmento.

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