Por Sonia Moraes
Transporte Moderno – Qual a sua expectativa para o mercado de caminhões em 2024?
Jefferson Ferrarez – Estou confiante que será melhor. Ainda não tenho um número exato sobre o tamanho do mercado porque estamos finalizando algumas KPIs (métricas de análise de desempenho). Tem gente falando em 100, 110 e 120 mil unidades, mas tenho certeza que será um mercado maior que este ano.
Transporte Moderno – O setor agrícola continuará forte no próximo ano?
Jefferson Ferrarez – Sim. O agro vai continuar forte com safra recorde. A safra de cana já se antecipou para o primeiro trimestre, a de milho vai quebrar recorde e a de soja e algodão estão indo bem. Tem ainda o minério, que também terá bons resultados, e a construção civil com muitos investimentos programados.
Transporte Moderno – Qual o seu principal desafio no novo cargo que assumirá na Mercedes-Benz?
Jefferson Ferrarez – O principal desafio é dar continuidade ao trabalho do grande mestre (Roberto Leoncini, que após dez anos na companhia, assumirá a posição de conselheiro dos negócios da Mercedes-Benz no Brasil). Tenho também o desafio de colocar novos produtos, o que está no nosso pipeline para ganhar mais participação de mercado e trazer novos serviços conectados para os clientes.
Transporte Moderno – A Mercedes-Benz está se preparando para acompanhar a retomada do mercado no próximo ano?
Jefferson Ferrarez – A Mercedes-Benz está se preparando bastante. Além da linha atual de caminhões, a empresa vai lançar um novo portfólio de veículos e soluções de serviços digitalizados para antecipar os períodos de revisão e de manutenção preventiva e corretiva com o objetivo de dar mais disponibilidade ao cliente. Esse será o grande foco da empresa em 2024.
Transporte Moderno – Você está otimista em relação à recuperação do mercado de caminhões?
Jefferson Ferrarez – Sim. Se comparar o primeiro semestre de 2023 com o segundo a diferença é grande porque o mercado já se acostumou com o Euro 6, tanto em relação ao desempenho da nova tecnologia quanto ao preço dos veículos. As taxas de financiamento estão se ajustando e favorecendo os clientes na aquisição dos veículos. Neste último trimestre os números do mercado estão bem interessantes e para o ano que vem a estimativa é de um patamar maior do que estamos agora. Passou a fase de transição do Euro 5 para o Euro 6.
Transporte Moderno – Qual a sua previsão para o mercado de caminhões em 2023?
Jefferson Ferrarez – O mercado de caminhões em 2023 será menor do que 2022, que fechou com 126 mil unidades, este ano vai ficar em torno de 98 mil unidades, por causa da transição do Euro 5 para o Euro 6, e a Mercedes-Benz tem hoje 23% de mercado e vai ficar com 23,5% de participação.
Transporte Moderno – A Mercedes-Benz pretende investir no caminhão elétrico?
Jefferson Ferrarez – A Mercedes-Benz está olhando para o futuro e atenta ao avanço dos veículos elétricos. Na Fenatran do ano passado a empresa mostrou ao mercado o seu caminhão elétrico e vamos começar a testar este veículo no Brasil no ano que vem, mas não temos previsão sobre a comercialização deste modelo no país. O caminhão elétrico levará mais tempo para avançar no mercado brasileiro e teremos um período maior para o mercado começar a comprar grande volume de elétrico.
Transporte Moderno – Como você avalia o mercado de elétricos?
Jefferson Ferrarez – O mercado de caminhões ainda está se adaptando ao modelo elétrico e o principal obstáculo é a infraestrutura. Não adianta a Mercedes-Benz trazer a solução se o mercado não tem a estrutura para suportar o elétrico. Diferente do ônibus, que já está mais avançado seja pela legislação e imposição dos poderes públicos, os caminhões ainda estamos testando, para quando trazer, que seja a melhor solução.
Transporte Moderno – Qual a principal alternativa ao diesel para caminhões?
Jefferson Ferrarez – No transporte urbano está bem claro que o veículo elétrico é a melhor solução. A tecnologia da bateria funciona bem para o caminhão urbano, com autonomia de 200 e 300 km. Para média e longa distância há duas opções. Para o transporte rodoviário de média distância é o veículo elétrico e a Mercedes-Benz tem o e-Actros, que está rodando na Europa, e para longa distância com mais de 1.000 km, a empresa indica o hidrogênio como a melhor solução – seja célula de hidrogênio ou hidrogênio aplicado no motor a combustão. Esses são os caminhões que a Daimler Trucks vislumbra e é isso que a companhia está trabalhando no mundo e no Brasil.
